3 de mar. de 2010

NEM SEMPRE DEUS AGE COMO EU GOSTARIA

(2 Rs 5.1-14)
Muitas vezes nos deparamos com pessoas cheias de honras, ocupando cargos de poder, bem vistas socialmente, tidas como pessoas de bem, reconhecidas por seus feitos nobres, mas, por baixo do uniforme cheio de medalhas...

Naamã era assim. Além de comandante do exército da Síria, ele era também um herói de guerra, reverenciado por seus feitos em batalha a favor do seu povo. Olhando para nossos dias, poderíamos dizer que sobre seu peito, presas ao seu uniforme de comandante, deveriam existir muitas medalhas de honra ao mérito. Alguém que aparecia com imponência aos olhos do povo. Mas, diz também o texto que “era ele herói de guerra, porém leproso”. Que afirmação triste para um herói de guerra: medalhas no uniforme, lepra no corpo!

Como no Antigo Testamento a lepra estava associada ao pecado, podemos dizer que Naamã era herói de guerra, porém pecador. Encoberto pelo seu uniforme de comandante estava o seu pecado! Naamã era um homem que tinha liderança, honras, “status”, influência no seu contexto, muitos comandados sob seu governo, mas tinha também pecado escondido na sua vida! Até que um dia a misericórdia de Deus se revelou a ele, através de uma criada hebréia da sua casa, que lhe mostrou o caminho da solução – o poder de Deus através do profeta Eliseu. Muitos hoje estão como Naamã: medalhas por fora, pecados por dentro! Precisamos, como líderes em Cristo, aprender com a história de Naamã, que nos mostra pelo menos três aspectos importantes quanto à operação de Deus.

A) O PADRÃO DA OPERAÇÃO DE DEUS NEM SEMPRE É O NOSSO!

Naamã foi a Samaria buscar solução para sua lepra, mas foi esperando que Deus operasse do seu jeito: através dos toques, invocações e encenações de Eliseu. Estabeleceu um padrão para Deus operar, conforme seu entendimento, suas preferências pessoais, seus conceitos. Como não estava acostumado a ser confrontado em seus conceitos e preferências, saiu indignado! Muitos de nós somos assim: queremos que Deus nos limpe, mas do nosso jeito, conforme nossos paradigmas, nossos conceitos, nossas preferências. Tal como Naamã, todo líder (ou candidato a tal) precisa ser tratado no orgulho, na vaidade, na rebelião que está escondida por baixo das medalhas! Deus tem seus próprios padrões. Aleluia!

B) DEUS NÃO OPERA SEGUNDO O QUE NÓS TEMOS, MAS SEGUNDO O QUE PRECISAMOS!

Naamã não se conformou em ter que mergulhar no rio Jordão para ser curado. Para ele, além de mergulhar num rio não ser exatamente o que ele esperava como o padrão de operação de Deus, na Síria havia rios muito melhores! Por que então Deus não os utilizou? Afinal, isto seria o mais lógico. Muitos são assim como Naamã: esquecem-se da soberania e da infinita sabedoria de Deus, que pode usar as coisas mais inadequadas aos nossos olhos, para nos abençoar, simplesmente porque os olhos de Deus estão em nosso coração, onde está a nossa real necessidade (quebrantamento, humilhação, renovação de mentalidade). Deus não operaria na vida de Naamã em função do que ele era ou tinha, mas em função do que ele precisava – e ele precisava ser confrontado! Por isto, muitas vezes, somos levados por Deus a mergulhar nos vários tipos de Jordão da vida.

C) O QUE DEUS FAZ É IMPORTANTE, MAS, ÀS VEZES, A PRINCIPAL OBRA DE DEUS EM NOSSAS VIDAS É FEITA PELA MANEIRA COMO ELE FAZ!

Mais importante que mergulhar no rio Jordão e curar a lepra, foi quebrantar o coração orgulhoso e vaidoso de Naamã. Mais importante que fazer a nova pele surgir, foi fazer Naamã tirar o velho uniforme de comandante, cheio de medalhas, que escondia a sua lepra. Mais do que mergulhar no Jordão, ele precisava aprender a prostrar-se diante da Palavra e do poder de Deus. Ele precisava experimentar submissão, obediência, humildade e quebrantamento. A principal obra de Deus em Naamã era no seu caráter, no seu coração. Como ele, que liderava muitos batalhões, hoje, muitos discípulos precisam ser libertos da síndrome de Naamã - a velha mentalidade de que se pode ser líder sem ser modelo, isto é: ser líder com pecado escondido, vitórias por fora, derrotas por dentro. Para Deus, tão importante quanto pele nova é ter coração novo e mentalidade renovada. Na verdade, mais do que cura física (lepra), a função do rio Jordão, nesse caso, foi libertá-lo das cadeias que o acorrentavam na alma e no espírito. Só depois de ter-se humilhado, quebrantado, submetido e obedecido é que a sua cura se manifestou; para isso, ele precisou mergulhar sete vezes! Havia muita resistência para ser quebrada, muito conceito para ser mudado, muitos paradigmas para serem derrubados, muita sabedoria e conhecimento humanos para serem confrontados e renunciados. Creio que a cada mergulho algo terrível era arrancado da alma daquele homem, até que, após o último, ele levantou-se liberto! Sua pele estava limpa, porque seu coração e sua mente haviam sido tratados por Deus. Aleluia! Quando a libertação chega, o pecado sai!

De uma forma ou de outra, todos nós precisamos do teste do Jordão. Ele nos chama para um nível mais profundo de libertação e cura. Vez por outra, no processo de nos fazer líderes de multidões, o Senhor nos coloca diante do Jordão para mais um mergulho libertador e curador. Afinal, no Reino de Deus, a humildade e o quebrantamento precedem a honra, e a submissão e a obediência são as principais medalhas de um líder. Portanto, não se indigne com os tempos de Jordão. Muitas vezes Deus precisará usá-los para nos moldar, para tratar do nosso caráter.

O que tem sido o “seu Jordão”? O que tem sido um teste de humildade, quebrantamento, submissão e obediência para você? As circunstâncias desagradáveis? O seu trabalho? O seu chefe? O seu líder de célula ou de rede? Os seus pastores? Os seus liderados “problemáticos”? Não rejeite o “seu Jordão”; encare-o de frente como um teste divino de liderança e cresça. Deus quer libertar e curar você. Deus quer fazer de você um líder de muitos discípulos, mas antes você precisa ser modelo, ter o caráter tratado e a mentalidade renovada.
Continue firme – a vitória é nossa em Cristo Jesus!

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